domingo, 22 de fevereiro de 2009

Misiones Barrio Adentro III e IV, mais um passo em desenvolvimento

A Misión Barrio Adentro III tem como um de seus principais objetivos construir e/ou reestruturar hospitais de baixa e média complexidade. Integrando ao sistema mais leitos para internação, salas operatórias para procedimentos eletivos ou que demandem um centro cirúrgico não-ambulatorial. Enfim, toda a complementação que uma rede hospitalar pode trazer. A Misión Barrio Adentro IV está voltada para a criação de hospitais de altíssima complexidade, de referência nacional ou mesmo continental. Como o estágio estava voltado, prioritariamente para a atenção primária, não foi possível conhecer muito das experiências que estão acontecendo em torno dessas missões, entretanto, vale lembrar de dois casos.
Em Paraguaipoa, extremo noroeste venezuelano, tem a fronteira com a Colômbia a 20 minutos, tem entre seus moradores maioria absoluta de indígenas guajira ou descendentes destes. Ali existe um hospital baixa complexidade que foi transferido para a gestão do Barrio Adentro. Novos recursos entraram. Do que pude perceber as condições sanitárias eram bastante complicadas, desde a higiene até o material utilizado, a exposição de fiação, goteiras etc. Agora está sendo amplamente reformado e ampliado. O que antes era destinado a atender principalmente urgências e emergências e consultas de poucas especialidades (ginecologia, obstetrícia, pediatria) contará com um centro cirúrgico ambulatorial, áreas específicas para o atendimento das emergências pediátricas e obstétricas, centro obstétrico com adaptações para contemplar aspectos da cultura indígena, ampliação do serviço laboratorial e de anatomia patológica. Na ocasião da visita os atendimentos estavam todos sendo realizados em locais adaptados, tal a profundidade da reforma. Parece mesmo que do hospital original conservar-se-á apenas a fundação.
Táchira é um estado com incidência e mortalidade de câncer gástrico visivelmente mais elevadas do que no restante do país. Diante disso acaba de ser inaugurado o Hospital Oncológico, destinado exclusivamente à realização do tratamento dos mais diversos tipos de enfermidades oncológicas sendo, para isso, equipado com serviços de quimio e radioterapia e centro cirúrgico. Como ainda está na primeira fase de funcionamento conta com apenas 40 camas de hospitalização e 4 camas para terapia intensiva. Ainda se discute a proporção de leitos de internação e de terapia intensiva, programado ter 10% do total de leitos para os cuidados intensivos, mas diante das características do serviço, discute-se que chegue a 25% do total. A completa implantação das atividades, equipamentos e equipe de trabalho, espera-se que seja capaz de atender a população dos Estados Táchira, Barinas e Apure, além do norte da Colômbia.
Para ingressar neste serviço o paciente deve vir com o encaminhamento para tratamento (diagnóstico já realizado). Será atendido por uma equipe multidisciplinar que realizará uma classificação de risco baseada em condições clínicas e sociais. É realizado um seguimento estreito do paciente durante o seu tratamento, trabalhadores sociais dedicam-se a saber do paciente, investigar faltas e ajudar para que conclua a terapia proposta. Ainda estão pouco munidos de técnicas gerenciais para composição e articulação entre as equipes multidisciplinares com a gestão do caso. Será necessário avançar mais na discussão da gestão da clínica.